Cada vez mais, nós, Profissionais de Educação Física, somos reconhecidos como agentes fundamentais para promover a qualidade de vida e a segurança nos movimentos cotidianos e esportivos. Mas, para desempenharmos essa função de forma responsável, é essencial compreender onde começa e onde termina nossa atuação.
Prevenir lesões e colaborar no processo de recuperação não é apenas prescrever exercícios. É sobre enxergar o aluno de forma completa, identificar suas limitações e necessidades, e trabalhar num escopo ético e técnico que respeite os limites da nossa profissão.
O que o Profissional de Educação Física NÃO faz
Quando uma pessoa apresenta dores ou uma possível lesão, é imprescindível que ela busque um médico ou outro profissional capacitado para realizar uma avaliação clínica detalhada. Tentarmos diagnosticar, além de antiético, pode prejudicar ainda mais a saúde do aluno e comprometer o tratamento.
Nosso papel começa após o diagnóstico médico e/ou fisioterapêutico. Atuamos para aplicar as recomendações profissionais, adaptando treinos e acompanhando o progresso do aluno. Trabalhar em conjunto com fisioterapeutas, médicos e outros especialistas garante que as estratégias sejam seguras e efetivas.
Também é importante lembrar que a nossa atuação nunca deve substituir ou desconsiderar tratamentos prescritos. O foco está em complementar as intervenções de saúde com uma prescrição do treinamento físico que respeite as limitações de cada aluno, visando sua recuperação e prevenção de novas complicações.
Como atuar em caso de doenças e lesões ortopédicas?
A colaboração entre profissionais de diferentes áreas é essencial para garantir um tratamento completo e eficaz. O Profissional de Educação Física desempenha um papel importante no suporte ao tratamento de doenças e lesões ortopédicas/musculoesqueléticas, mas sempre num modelo multiprofissional, interdisciplinar ou transdisciplinar, no qual os conhecimentos se complementam.
Por exemplo, um aluno com lesão no joelho pode estar sendo acompanhado por um ortopedista e um fisioterapeuta. Nesse contexto, meu papel será criar um programa de treinamento físico que respeite as orientações dos outros profissionais, promovendo melhora das capacidades físicas de forma segura.
Conforme o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), é fundamental que o profissional busque alinhamento constante com a equipe de saúde. Isso pode ser feito por meio de reuniões, trocas de relatórios e contato direto com os responsáveis pelo tratamento do aluno.
O papel do Profissional de Educação Física na prevenção de novas lesões
A prevenção de novas lesões exige um olhar cuidadoso e estratégico. Após a recuperação, o foco deve ser evitar que o problema retorne, promovendo exercícios adequados e uma rotina que respeite os limites do aluno.
- Avaliação segura e adaptada
A avaliação é o ponto de partida para qualquer trabalho preventivo ou de reabilitação. Em casos de lesões anteriores, ela deve ser ainda mais detalhada. Isso inclui conversar com o aluno sobre seu histórico de saúde, entender suas limitações, utilizar ferramentas para avaliar dor, função física, força e amplitude de movimento.
Além disso, é importante adaptar a avaliação para cada caso. Por exemplo, em um aluno com histórico de lesão na coluna, os movimentos propostos durante a avaliação devem ser cuidadosamente escolhidos para não gerar dor ou desconforto. A partir dessa análise, conseguimos planejar um programa que atenda às necessidades específicas, com foco na segurança e eficácia.
- Desenvolver um programa de treino seguro para os clientes
Com base na avaliação inicial, o próximo passo é criar um programa de treinamento físico que seja seguro e eficaz. Esse programa deve respeitar a fase da reabilitação que o paciente se encontra para não haver sobrecarregar da região lesionada.
Um exemplo prático seria um aluno com lesão no ombro. O plano de treino pode incluir os exercícios terapêuticos que estão sendo feitos com o fisioterapeuta e, ao longo das semanas, ocorrer progressões gradativas, sempre respeitando os limites de dor e amplitude do movimento. Isso permite uma recuperação gradual, com menor risco de novas lesões.
- Compreenda o escopo da prática do Profissional de Educação Física ao trabalhar com clientes em reabilitação
É fundamental que o Profissional de Educação Física compreenda claramente os limites da sua atuação. Trabalhar com clientes em reabilitação exige respeito às orientações médicas e fisioterapêuticas, além de um conhecimento aprofundado sobre as principais doenças e lesões ortopédicas.
Essa compreensão nos permite atuar com segurança, desenvolvendo programas que complementem os tratamentos em curso e promovam uma recuperação plena. Além disso, respeitar o escopo da nossa prática fortalece a confiança entre os profissionais de saúde e os alunos.
Evolua na atuação transdisciplinar!
Se queremos nos destacar na área, precisamos estar em constante aprendizado. Participar de cursos, workshops e palestras são formas de ampliar nosso conhecimento e aprimorar nossa prática profissional.
Aqui no site De Olho no Movimento, você encontra conteúdos ricos sobre estratégias para trabalhar com alunos em reabilitação. Entenda o que você precisa aprender para integrar nossa atuação com a de outros profissionais.
Quanto mais conhecimento adquirimos, maior é a nossa capacidade de oferecer um serviço de qualidade e de colaborar de forma efetiva em equipes transdisciplinares!
Conclusão
O papel do Profissional de Educação Física na prevenção e tratamento de lesões vai muito além da simples prescrição de exercícios. Ele exige conhecimento técnico, ética e a capacidade de trabalhar em equipe com outros profissionais da área da saúde.
Por meio de uma atuação consciente e alinhada com as necessidades dos alunos, conseguimos promover uma recuperação eficaz e prevenir novas lesões. Mais do que isso, ajudamos as pessoas a retomarem suas atividades com confiança e qualidade de vida a médio e longo prazo!
E aí, vamos juntos #DeOlhoNoMovimento?