Sarcopenia – Entenda como prescrever o melhor exercício para seu paciente

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A sarcopenia é uma doença caracterizada pela perda de massa, força e funcionalidade muscular e pode estar associada a uma série de outras disfunções e doenças sistêmicas. Sabe-se que a sarcopenia é mais prevalente nos idosos, mas o declínio da massa muscular começa a partir dos 40 anos. 

Em uma revisão sistemática e metanálise, a prevalência de sarcopenia variou de 0,2% a 86,5% na revisão e de 10% a 27% na meta-análise. Um total de 263 estudos foram incluídos nesta revisão, correspondendo a 692.056 indivíduos (317.578 mulheres e 319.184 homens) com idade média de 68,5 anos. A maioria dos estudos foi realizada na Europa ou na Ásia, enquanto apenas quatro estudos tiveram origem na África. A sarcopenia grave foi estimada em apenas 34 estudos, com prevalência variando de 0,2% a 45,0% em mulheres e de 0,2% a 17,1% em homens. 

Há ainda evidências que apontam que algumas características como baixa renda, baixa escolaridade, sedentarismo, presença de comorbidades, têm sido associados a sarcopenia e, por isso, países como o Brasil possuem prevalência maior que outros. 

Por este motivo, o trabalho de todos os profissionais da saúde, se torna imprescindível para a saúde coletiva, pois ao entender como orientar as melhores opções de atividades físicas e exercício físico para seu paciente, também ajudamos em sua reinserção na sociedade e colaboramos neste combate à desigualdade estrutural. 

Entenda mais sobre a sarcopenia 

Um dos pontos-chave para conseguir prescrever o melhor exercícios para o seu paciente é entender mais sobre a sarcopenia, como ela afeta o organismo e seus impactos no bem-estar do indivíduo e na saúde coletiva. 

A fisiopatologia da sarcopenia é complexa e resulta de alterações biológicas na estrutura dos músculos, como: aumento da infiltração de triglicerídeo intramuscular e de tecido não contrátil, além de desequilíbrios hormonais, aumento de citocinas pró-inflamatórias circulantes e influências externas, como deficiências na alimentação.  

É importante analisar também outros efeitos adversos que esta doença pode causar, como, por exemplo: 

  • fragilidade,  
  • distúrbios do sono,  
  • quedas,  
  • fraturas,  
  • comprometimento cognitivo,
  • hospitalização e mortalidade prematura.  

Estes efeitos trazem encargos para saúde pública, coletiva e impactos econômicos significativos.  

Procedimentos anteriores à prescrição de exercícios físicos 

Nós, profissionais de educação física, antes de prescrevermos qualquer exercício físico, precisamos concentrar esforços na educação do paciente, levando-o também a uma mudança de hábitos e estilo de vida. Estas orientações valem para todos os profissionais da saúde que falam sobre atividades físicas com seus pacientes. 

A informação é essencial para motivar as pessoas em direção à mudança. Por isso, costumo frisar que devemos melhorar nosso processo comunicativo, a fim de informar melhor os pacientes sobre suas condições, formas de tratamento, riscos de certos hábitos, etc. 

Uma boa comunicação também nos permitirá criar vínculos mais fortes, desenvolver empatia e, assim, entender melhor as particularidades de cada paciente.  

Aprender a se comunicar e se conectar com o paciente é tão importante quanto saber qual o melhor exercício para sarcopenia.  

Afinal, entender o background da pessoa, seu estilo de vida, o que gosta de fazer, sua familiaridade com atividades físicas, etc., permitirá adequar o tratamento e até mesmo a prescrição do exercício físico de maneira a ter mais assertividade e melhora na qualidade de vida do indivíduo. 

Quais os melhores exercícios para pacientes com sarcopenia? 

Para prescrição do exercício físico dos pacientes com sarcopenia, é essencial realizar uma boa avaliação de sua força, de sua massa muscular e de seu desempenho físico. 

Desta forma, é possível desenvolver planos de treinamento personalizados e assertivos. 

Avaliação da força  

  • Preensão manual: opção simples e barata para a avaliação da força muscular em idosos. Valores de força de preensão abaixo de 27kg para homens e 16kg para mulheres são considerados baixos.  
  • Teste de Sentar e Levantar é bem acessível. Mede-se o tempo necessário para levantar e sentar de uma cadeira, geralmente 5 vezes para a população idosa, sem ajuda dos braços (pontuação de corte de 17s para 5 repetições).  

Medida de massa muscular  

  • Ressonância magnética e tomografia computadorizada são consideradas padrão ouro pela acurácia. Porém, têm alto custo e a tomografia possui alta radiação.  
  • O DXA (raio x de dupla energia) tem sido proposto como opção de alta praticidade para aquisição de medidas relacionadas à composição corporal da população idosa como massa óssea, massa magra e massa adiposa total (possuindo menos radiação).  
  • Bioimpedância é um método de baixo custo e portátil. Ela mede a quantidade de massa gorda e magra pela análise da resistência elétrica dos tecidos. Porém, não apresenta uma acurácia tão grande. 
  • Avaliação antropométrica: Índice de massa corporal, circunferência da panturrilha ou do meio do braço, dobra cutânea. A circunferência da panturrilha é a mais popular, entretanto, este tipo de medida não é um indicador preciso de massa muscular.  

Avaliação de desempenho físico  

  • Caminhada de 4m, TUG (time up and go), subir escadas, SPPB (short physical performance battery), entre outros. A avaliação da velocidade da marcha é o método mais popular, normalmente é realizado ao longo de 4m e necessita apenas de um cronômetro, sendo recomendado como ferramenta diagnóstica para sarcopenia (ponto de corte de 0,8 m/s.).  

Estes testes de força e desempenho físico são considerados bons preditores de declínio cognitivo, mobilidade, estado funcional, hospitalização e mortalidade em idosos.  

Prescrição de exercícios 

As atividades físicas de modo geral são benéficas na prevenção da sarcopenia. Mas sabemos que o exercício resistido demonstra vantagens no ganho de força e capacidade funcional em idosos. 

O ganho de força muscular resulta em melhora da velocidade da marcha e habilidades para subir escada. Lembrando sempre de iniciar a prescrição de modo leve e gradativamente aumentar a intensidade (dentro dos limites de cada paciente). 

O exercício resistido, com intuito de aprimorar a força muscular, pode ser realizado no mínimo 2 vezes por semana, não sendo em dias consecutivos, durante o período de 4 semanas. Pode-se iniciar com uma carga entre 30 a 50% de uma repetição máxima, que pode ser progredido para 80% variando as repetições. 

Neste começo também é interessante realizar a estimulação dos grandes grupos musculares, para depois exercitar os menores.  

Com o progresso do paciente, podemos aumentar a velocidade para auxiliar no ganho de potência muscular. No entanto, apesar da literatura científica apontar este tipo de abordagem como mais assertiva para sarcopenia, é imprescindível frisar que cada indivíduo deve ser analisado de maneira multi/transdisciplinar e empática, levando em conta sua realidade, sua predisposição a realizar determinadas atividades físicas e, até mesmo, seu acesso a materiais e ferramentas necessárias para a execução destas práticas.

O sucesso no combate a sarcopenia passa pelas nossas mãos, profissionais de saúde que orientam as atividades físicas aos seus pacientes e de educação física que são responsáveis pela prescrição e acompanhamento do treinamento. Por isso, se você deseja aprender como prescrever o melhor exercício físico para seu paciente, como ter uma abordagem empática, melhorar sua comunicação e se tornar um profissional que muda a vida das pessoas, fale comigo para ter suporte em seus atendimentos e vamos juntos #deolhonomovimento.