Eu sei o quanto é frustrante acompanhar um aluno com condições ortopédicas e perceber que, mesmo com dedicação, ele não apresenta a evolução esperada. Essa situação é mais comum do que parece e, na maioria das vezes, não é falta de esforço — mas sim de estratégia.
Entender a raiz desse problema é o primeiro passo para transformar a sua forma de conduzir treinos especiais e garantir segurança e resultados reais para quem confia no seu trabalho.
Quero te ajudar a refletir sobre os principais motivos que impedem o progresso dos seus alunos com condições ortopédicas e, principalmente, como você pode mudar essa realidade com prática embasada na boa ciência e atuação transdisciplinar.
Avaliação inicial insuficiente de alunos com condições ortopédicas
Muitos profissionais subestimam o poder de uma avaliação inicial detalhada. Eu sempre digo: quanto mais informações você tiver sobre o histórico do aluno, mais seguro será o seu planejamento. Você realmente sabe tudo sobre o que o levou a desenvolver essa limitação? Já conversou sobre histórico de cirurgias, episódios de dor recorrente ou restrições médicas?
Além de uma anamnese geral aprofundada, é importante avaliarmos dor e função física nestes casos por meio de ferramentas validadas para complementar nossa avaliação. E após isso verificarmos as necessidades e viabilidade da avaliação de amplitudes de movimento, força muscular, e possíveis compensações. Uma avaliação pobre gera um treino impreciso — e é exatamente aí que começam as falhas no progresso.
Diagnóstico equivocado ou ausência de diagnóstico clínico
Nunca é demais reforçar: nós, profissionais de Educação Física, não diagnosticamos. Nosso trabalho depende de um diagnóstico clínico bem feito. Se você tenta adivinhar o que o aluno tem, assume um risco enorme de piorar sua condição e comprometer sua segurança.
Por isso, se perceber sinais como dores persistentes, perda de força ou limitações inesperadas, oriente o aluno a buscar um ortopedista ou fisioterapeuta. Eu sempre prefiro perder uma sessão a colocar a saúde de alguém em risco por não respeitar o escopo da minha atuação.
Falta de comunicação com outros profissionais da saúde
Eu falo muito sobre atuação transdisciplinar, porque vejo na prática o quanto isso potencializa resultados. Se o aluno faz fisioterapia, você conversa com o fisioterapeuta? Se passou por uma cirurgia, já leu o laudo do médico? Essa troca de informações é essencial para alinhar objetivos, respeitar restrições e garantir que o treino seja realmente complementar ao tratamento.
Costumo enviar relatórios, agendar conversas ou até mesmo fazer reuniões rápidas por chamada de vídeo com outros profissionais envolvidos. Isso evita maus entendidos e coloca o aluno no centro de tudo.
Treino inadequado para condições ortopédicas do aluno
É muito comum ver planilhas genéricas sendo aplicadas para casos que exigem atenção individualizada. Exercícios mal planejados podem não só estagnar o progresso, como também agravar a condição. Antes de prescrever qualquer carga, volume ou intensidade, eu revisito a avaliação e, se necessário, ajusto tudo.
Pequenas adaptações fazem toda a diferença para que o treino seja um aliado — e não mais um fator de risco.
Falhas no monitoramento da evolução
Planejar é importante, mas monitorar é indispensável. Você tem indicadores claros para saber se o aluno está evoluindo? Eu gosto de registrar evoluções do quadro de dor, da percepção de esforço e também fadiga, sono, estresse por ciclos de treino.
Além disso, sempre deixe uma porta aberta para reavaliar o programa quando notar qualquer sinal de regressão. É isso que permite ajustes rápidos e evita o agravamento de quadros ortopédicos.
Comportamento e adesão do aluno
Nem sempre o problema está na planilha — muitas vezes, o aluno não modifica seus comportamentos fora do treino. Sobrecarga no trabalho, em casa, privação de sono e demais hábitos que perpetuam seus sintomas podem sabotar todos os seus esforços.
Por isso, eduque seu aluno. Explique os porquês da atividade física, do exercício físico, eduque sobre saúde e dor e crie uma relação de confiança. Quando ele entende seu papel no próprio progresso, o compromisso aumenta.
Continue se atualizando profissionalmente
Se você chegou até aqui, parabéns! Isso mostra o quanto se importa em oferecer um atendimento de qualidade e personalizado. Revisitar cada um desses pontos pode ser o divisor de águas para que seus alunos com condições ortopédicas finalmente alcancem os resultados que tanto desejam.
Se tem algo que repito sem cansar é: a formação nunca acaba. Trabalhar com pessoas que têm limitações ortopédicas exige conhecimento aprofundado não só em biomecânica, anatomia, fisiologia, mas também sobre como organizar a prescrição do exercício com estratégias de progressão segura.
Você já conhece o De Olho no Movimento? É o meu projeto, onde compartilho tudo que aprendi (e continuo aprendendo) para ajudar profissionais como você a oferecer um trabalho embasado na boa ciência, ético e de excelência. Lá, você encontra treinamentos, mentorias e uma comunidade engajada para trocar experiências reais sobre treinamento físico nestes casos.
Se quer aprofundar ainda mais tudo isso, te convido a conhecer meus treinamentos no De Olho no Movimento. Tenho certeza de que eles vão transformar sua prática e potencializar a evolução dos seus alunos.
Vamos juntos evoluir? 💙