A obesidade é apontada como uma das doenças mais perigosas deste novo século, principalmente por conta dos novos hábitos alimentares e estilo de vida do ser humano. E com o agravante de que a obesidade infantil cresce a cada ano, mostrando um futuro preocupante.
Um relatório recente desenvolvido pelo World Obesity Atlas 2022, projetou que, até 2030, o mundo passará por uma epidemia de obesidade e o Brasil terá 7,7 milhões de crianças obesas. Cerca de 23% das crianças entre 5 e 9 anos e 18% dos adolescentes de 10 a 19 anos serão afetados pela doença.
Com números tão alarmantes, a data de 3 de junho, Dia de Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, está se tornando cada vez mais importante, pois é uma oportunidade de levar às crianças e seus familiares mais informações e acesso a tratamentos para esta doença.
Pensando nisso, como nós, profissionais da saúde, podemos auxiliar no combate à obesidade e na promoção de um estilo de vida mais saudável?
Primeiro passo: Entender o problema
Pais e profissionais de saúde precisam entender o que é a obesidade e como ela surge. Assim, conseguirão ter mais informações para solucionar este problema.
A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso, sendo o resultado de uma associação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
Diferença entre obesidade e obesidade mórbida
É importante abrir um parêntese para entendermos a diferença entre obesidade e obesidade mórbida.
Uma criança de 5 a 10 anos é considerada obesa quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) ultrapassa 30 kg/m².
Já a obesidade mórbida ocorre quando o IMC é maior que 40 kg/m². No Brasil, uma em cada três crianças nessa faixa etária está com excesso de peso, segundo o Ministério da Saúde.
A obesidade infantil é um problema grave que pode afetar a saúde física e emocional das crianças.
As principais causas da obesidade infantil são a alimentação inadequada e a falta de atividade física, que levam ao acúmulo excessivo de gordura corporal. Porém, também existem fatores genéticos e hormonais que podem influenciar o desenvolvimento da doença.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estudos mostram que, se um dos pais é obeso, o risco do filho ou da filha ter obesidade é de 50%. Por isso, é importante prevenir e tratar a obesidade infantil desde cedo, com hábitos saudáveis de alimentação e exercício.
E é essencial salientar que a obesidade mórbida infantil pode trazer outros problemas de saúde graves para as crianças, como:
- Diabetes;
- Colesterol alto;
- Hipertensão;
- Depressão.
Ambientes que favorecem a obesidade infantil
Hoje, nossa sociedade está repleta de ambientes obesogênicos, ou seja, que favorecem a obesidade infantil:
- Ambientes familiares com pouca oferta de alimentos naturais e muita disponibilidade de alimentos processados e ultraprocessados;
- Escolas com cantinas que vendem produtos industrializados e com poucas opções saudáveis;
- Espaços urbanos com pouca infraestrutura para a prática de atividades físicas ao ar livre;
- E até mesmo a sociedade, no geral, com forte influência da mídia e da publicidade sobre os hábitos alimentares das crianças.
Portanto, pais e profissionais de saúde, precisam trabalhar juntos para transformar estes ambientes e afastar do dia a dia das crianças os hábitos que favorecem à obesidade.
Hábitos que favorecem a obesidade infantil
Ao citar os hábitos que favorecem a obesidade infantil, podemos listar:
- Falta de aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade;
- Introdução precoce ou inadequada da alimentação complementar;
- Falta de acompanhamento do crescimento e do estado nutricional das crianças;
- Falta de orientação nutricional para as famílias;
- Falta de apoio psicológico para as crianças com excesso de peso ou obesidade.
Um problema de toda a sociedade
Os ambientes e os hábitos aos quais estamos expostos atualmente favorecem o sedentarismo e a obesidade infantil. A sociedade, como um todo, está criando uma cultura que promove cada vez menos a prática de atividades físicas e a alimentação saudável.
Cabe, principalmente a nós, profissionais de saúde, trabalhar para levar informação e, aos poucos, incutir novos hábitos, primeiro naqueles a nossa volta e, aos poucos, em toda a sociedade.
O que pais e profissionais de saúde podem fazer para combater a obesidade infantil?
Para combater a obesidade infantil é necessária uma abordagem multidisciplinar, que envolva pais, profissionais de saúde, gestores públicos e educadores.
Todos em prol da mudança nos hábitos alimentares e no estilo de vida das crianças, respeitando suas necessidades nutricionais e seu desenvolvimento físico e emocional.
Para isso, algumas ações podem ser tomadas:
Estimular o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida
O leite materno é o alimento mais completo e adequado para o bebê, pois fornece todos os nutrientes que ele precisa para crescer saudável e protegido de infecções, ajudando a regular o apetite e a saciedade da criança, evitando o excesso de peso.
Oferecer alimentos saudáveis e variados a partir dos seis meses
A introdução alimentar é uma fase crucial para a formação dos hábitos alimentares da criança. Por isso, é fundamental oferecer alimentos saudáveis e variados, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, carnes magras, ovos e leite e derivados.
É preciso evitar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sal, como refrigerantes, sucos industrializados, biscoitos recheados, salgadinhos e doces.
Respeitar a fome e a saciedade da criança
Cada criança tem um ritmo próprio de alimentação e um apetite que varia conforme o seu crescimento e desenvolvimento.
Por isso, não devemos forçar a criança a comer mais do que ela quer ou precisa, nem a restringir se ela estiver com fome. Devemos respeitar os sinais de fome e saciedade da criança e evitar distrações na hora da refeição, como televisão, celular ou brinquedos.
Incentivar a prática de atividade física regular
A atividade física é essencial para a saúde física e mental da criança, pois ajuda a prevenir o excesso de peso, fortalece os músculos e os ossos, melhora o sono e o humor, estimula o desenvolvimento cognitivo e social e previne doenças crônicas.
Por isso, pais e, principalmente, profissionais de saúde, precisam incentivar a criança a se movimentar desde cedo, brincando ao ar livre, praticando esportes ou qualquer outra atividade de sua preferência que promova adesão.
Segundo a OMS, é recomendado que crianças e adolescentes de 5 a 17 anos pratiquem, pelo menos, 60 minutos diários de atividade física aeróbia, de moderada a vigorosa, ou três vezes na semana de atividade física vigora a intensa.
Limitar o tempo de tela
O tempo excessivo em frente às telas (televisão, computador, celular, tablet) pode prejudicar a saúde da criança de várias formas: reduz o tempo de atividade física, aumenta o consumo de alimentos não saudáveis, interfere no sono e na atenção e pode causar problemas de visão e postura.
Por isso, devemos orientar que o tempo de tela da criança seja de no máximo duas horas por dia, de preferência acessando conteúdos educativos e adequados à idade.
União entre profissionais da área da saúde e melhora da nossa comunicação
Nós, profissionais de saúde, temos o papel fundamental de multiplicar boas informações e práticas, motivando mais pessoas a se movimentarem, diminuindo o sedentarismo e a obesidade.
Nossas ações individuais podem colaborar com a redução do comportamento sedentário, com o ambiente, com o desenvolvimento econômico, com o bem-estar da comunidade e qualidade de vida, reduzindo o ônus aos sistemas de saúde.
E, para fazermos isso, é importante lembrar que não estamos sozinhos nesta jornada!
Se precisar, pode contar comigo para elevar o nível de profissionalismo dos seus atendimentos e proporcionar uma melhora real de vida e saúde para as pessoas, principalmente as crianças, ajudando a combater a obesidade infantil.