Hérnia de Disco: como adaptar o treinamento físico para evitar lesões e episódios de dor

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A hérnia de disco é uma das condições que afetam a coluna vertebral. Importante salientar que por volta de 85% dos pacientes que procuram cuidados primários de saúde têm dor lombar que não pode ser atribuída de forma confiável a uma doença específica ou anormalidade da coluna. 

Nos outros 5-15% estão inúmeros diagnósticos, dentre eles a hérnia de disco. Nestes casos podem ocorrer dor local, dor irradiada, dor radicular sem ou com radiculopatia. É muito comum as pessoas com esta condição dizerem “minha hérnia está pinçando meu ciático”, “tenho o ciático inflamado por conta de uma hérnia” e nós profissionais precisamos esclarecer cada vez mais a população sobre os tipos de dores e quando isso pode interferir na prática de atividades físicas/esportivas ou treinamento físico.  

Uma publicação deste ano na Revista PAIN, revista médica de grande impacto no estudo da dor, traz recomendações atualizadas para terminologia e identificação de dor neuropática em pessoas com dores nas pernas relacionadas à coluna. No artigo eles salientam a relevância de abandonarmos o termo “dor ciática” por ser um termo generalista para os diversos tipos de dor nestes casos. É fundamental que profissionais da saúde leiam e se mantenham atualizados sobre como informar a população.  

Como profissionais de educação física e saúde, temos um papel relevante no auxílio às pessoas que sofrem desta condição tão comum e algumas vezes incapacitante, como a hérnia de disco.  

Por meio da divulgação de informações qualificadas e prescrição do exercício físico de modo seguro e eficiente, podemos potencializar os tratamentos e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. 

Benefícios do exercício físico para quem tem hérnia de disco 

A prática de exercícios físicos é extremamente importante para a recuperação de pacientes com hérnia de disco. Afinal, o corpo humano não foi projetado para ficar sentado em frente a um computador por longas horas, e por isso, é fundamental que saibamos como prescrever exercícios físicos de forma segura e eficiente. 

Através de certas atividades é possível ajudar o paciente a aumentar a força e massa muscular, melhorar a flexibilidade e a mobilidade da coluna, favorecer a circulação sanguínea, liberar neurotransmissores como as endorfinas, combater o sedentarismo e promover o bem-estar físico e mental.  

Além disso, a prática regular de exercícios pode contribuir para a melhora da composição corporal, redução da dor, da sobrecarga articular e dos processos inflamatórios.  

Como adaptar o treinamento físico dos pacientes com hérnia de disco? 

Como já citado, o treinamento físico é fundamental para prevenir e tratar a hérnia de disco, pois aumenta a força dos músculos que dão suporte à coluna, melhora a flexibilidade e a mobilidade articular, melhora composição corporal (redução de gordura e aumento de massa muscular), melhora qualidade do sono e controla os níveis de estresse.  

No entanto, é preciso adaptar o treinamento físico para evitar o risco de lesões e episódios de dor. Dependendo do diagnóstico e também fase da reabilitação, alguns exercícios podem piorar os sintomas desestimulando o paciente da prática de atividades físicas. 

A adaptação do treinamento físico deve levar em conta as características individuais de cada paciente, como os níveis e tipo de dor, localização da hérnia de disco, sintomas radiculares, nível de condicionamento físico, a idade e as preferências pessoais.  

Para isso, é importante que o profissional de educação física leve em conta os seguintes passos: 

Avaliação inicial 

Antes de iniciar qualquer programa de treinamento, é fundamental realizar uma avaliação completa do indivíduo. Isso deve incluir uma anamnese geral e específica para conhecimento do estado de saúde geral e do diagnóstico da hérnia de disco, seguida pela avaliação física (níveis de força, controle motor, etc). Essa avaliação ajudará a identificar quais exercícios são adequados e quais devem ser evitados. 

Aumento da força  

Quando pensamos em treinamento físico de modo geral, pensamos em ganho de força. Ao longo dos anos sabemos que ocorre a perda de massa óssea e muscular e isso é prejudicial a longo prazo pra saúde como um todo. Nos casos de dor lombar, as diretrizes recomendam as intervenções por meio do exercício físico com ativação específica dos músculos do tronco e controle de movimento, para pacientes com dor lombar crônica ou aguda com dor no membro inferior. Você pode dar este enfoque nas etapas iniciais do treinamento. 

Alongamento  

Além do ganho de força, muitos pacientes gostam de praticar alongamento e relatam alívio dos sintomas. Mas cuidado, porque nem todo alongamento é benéfico nos casos de dor radicular! Fisioterapeutas e profissionais de educação física devem saber conduzir estas recomendações no processo de reabilitação.  

Já para realização do treinamento, o ganho de flexibilidade não tem relação direta com redução da dor, mas pode trazer benefícios para melhor execução dos exercícios. Por exemplo, para realização de um bom agachamento livre ou levantamento terra, é fundamental a flexibilidade da cadeia posterior para boa movimentação e melhor distribuição de carga na coluna.  

Respiração 

Para alguns alunos, podemos ensinar técnicas de respiração adequadas e estímulos que desenvolvam a percepção postural durante as atividades físicas. Exercícios respiratórios promovem consciência corporal auxiliando nas posições durante o treinamento físico. 

Progresso gradual 

Por fim, é fundamental progredir gradualmente no treinamento. Começar com baixa intensidade, monitorar as sessões de alguma maneira e aumentar conforme as respostas semanais. O cuidado com o equilíbrio entre desafio e segurança é essencial para evitar lesões e garantir resultados positivos. 

Você tem papel fundamental para a qualidade de vida do paciente/aluno 

Uma das maiores dificuldades no tratamento de pacientes/alunos é mudar seus comportamentos antes de trabalhar sua condição física.  

É essencial educar o paciente/aluno sobre a importância da prática de atividades físicas/esportivas, do treinamento físico e das mudanças de hábitos alimentares, de sono, de níveis de estresse para alcançar melhores resultados.  

A reeducação alimentar pode melhorar o metabolismo e reduzir inflamação crônica, enquanto incentivar a movimentação diária pode prevenir desconfortos na coluna.  

É crucial que o paciente compreenda que o exercício físico deve ser um hábito para melhorar sua força, flexibilidade, desempenho, recuperação e qualidade de vida.  

Além disso, é importante ter uma comunicação efetiva com o paciente para entender sua rotina, medos e desejos, permitindo uma abordagem empática e personalizada na escolha do exercício físico adequado para cada fase do tratamento. 

Portanto, é fundamental realizar uma avaliação precisa para que a prescrição do treinamento seja eficaz no controle da dor e na melhora constante da função física do paciente.  

Ao compreender as características do paciente, é possível determinar a frequência, intensidade, duração, volume e tipo de exercício mais adequados.  

No meu novo curso, “De olho na hérnia de disco lombar”, abordo como realizar a avaliação física nesses casos e apresento as melhores práticas para prescrição do exercício físico, sempre com embasamento científico, como parte do tratamento dessa condição. 

Quer saber mais? Fale comigo, tire todas as suas dúvidas e vamos juntos #deolhonomovimento!