A síndrome da dor patelofemoral (SDFP) é uma condição musculoesquelética crônica e sua prevalência anual foi relatada como 22,7% na população geral e 28,9% em adolescentes, sendo mais comum em mulheres.
Esta síndrome é bastante comum em praticantes de esportes e atividades físicas, trazendo quadros dolorosos que se intensificam ainda mais após a realização destas atividades.
No entanto, é possível adaptar o treinamento para reduzir a dor no joelho, se mantendo em movimento e melhorando a qualidade de vida.
Entendendo a síndrome da dor patelofemoral
A SDPF se caracteriza por uma dor em torno ou atrás da patela (rótula), que piora conforme aumentamos os movimentos ou cargas sobre ele. Importante ressaltar que não há relação direta da SDPF com condropatia ou condromalácia patelar. O clínico costuma traçar este diagnóstico na avaliação do paciente após exclusão de outras condições. Na SDPF o paciente geralmente relata dores e desconfortos nos movimentos que envolvam corrida, agachamento, saltos, subir e descer escadas ou permanecer com o joelho em flexão por tempo prolongado.
Até o momento não sabe exatamente quais são as causas da dor patelofemoral. Dentre os fatores de risco discutidos na literatura científica mais recente estão:
- Fraqueza dos músculos anteriores da coxa (quadríceps) e abdutores em alguns casos específicos,
- Outras condições associadas (como a condropatia, tendinite patelar, osteoartrite),
- Aumento repentino da intensidade, volume ou da frequência do treinamento.
Por muito tempo foi discutido nos estudos que o ângulo Q aumentado ou a presença do valgo dinâmico era fator de risco, porém hoje já se sabe múltiplos fatores colaboram para o quadro de dor mais que padrões de movimento nestes casos.
Dentre as opções para o tratamento da síndrome da dor patelofemoral estão:
- Em primeiro lugar a abordagem focada em exercícios terapêuticos,
- Educação em dor,
- Bandagens rígidas ou órteses para estabilizar a patela em alguns casos específicos,
- Adaptação do treinamento físico para reajustar a sobrecarga no joelho.
Vale frisar que estes últimos pontos, que envolvem a adaptação dos treinamentos e fortalecimento dos músculos, costumam apresentar os melhores resultados, tanto para a diminuição da dor como para a manutenção da qualidade de vida do paciente.
Avaliação e compreensão das necessidades
Costumo destacar que está é uma das partes mais importantes do desenvolvimento de estratégias eficazes para aliviar as dores e melhorar as funções motoras: realizar uma boa avaliação, compreendendo as necessidades e dificuldades do aluno/paciente.
É imprescindível estabelecer metas realistas e desenvolver um plano de treinamento personalizado para cada pessoa, levando em consideração suas capacidades, necessidades, limitações e objetivos.
A avaliação inicial deve levar em conta a aderência do aluno/paciente ao exercício físico, com o intuito de manter a pessoa em movimento. Entendendo este perfil, fica mais fácil direcionar a frequência, a intensidade, a duração, o volume e o tipo de exercício.
Como adaptar o treinamento e reduzir a dor no joelho?
Algumas adequações no treinamento podem reduzir bastante a dor no joelho e diminuir os impactos negativos da síndrome da dor patelofemoral.
- Primeiramente é importante fazer ajustes nas sessões semanais de treinamento em conjunto com a reabilitação fisioterapêutica,
- Gerenciar a carga de treinamento físico que exige esforço excessivo desta articulação, como corrida em terrenos irregulares, saltos e agachamentos, descidas e subidas de escadas,
- Adaptações podem ser feitas em momentos de reabilitação inicial utilizando treinos intervalados com caminhada, bicicleta, e até atividades aquáticas por um período em casos mais sintomáticos.
- Além disso, é importante reduzir a intensidade, duração e frequência dos treinamentos ao notar intensificação dos sintomas.
Uma revisão sistemática que incluiu apenas ensaios randomizados e controlados, concluiu que exercícios para fortalecimento do quadril e coxa tiveram excelentes resultados na diminuição das dores no joelho. Eduque seu aluno/paciente sobre isso!
Os músculos laterais e posteriores do quadril, como o glúteo médio, glúteo máximo, piriforme e gêmeos, desempenham um papel crucial na distribuição de cargas na articulação do joelho.
Por isso, adaptar o treinamento a fim de promover o fortalecimento destes músculos pode auxiliar na redução das dores e melhora da função do joelho.
Alguns exemplos de exercícios simples para o fortalecimento desta região são:
- Extensão dos joelhos em cadeia cinética aberta com angulação de proteção em pessoas mais sintomáticas (90-45°);
*Não há proibição da extensão total, a questão é trabalhar em posições de conforto e expor os demais movimentos gradualmente.
- Marcha lateral com minibands;
- Exposição gradual ao exercício afundo;
- Agachamento unipodal no trx para maior controle do glúteo;
- Evolução para saltos bi e unipodais de acordo com práticas esportivas.
Garantindo resultados assertivos na prescrição do treinamento físico
Além de prescrever o exercício físico de maneira assertiva, é importante realizar um acompanhamento humanizado, individualizado e próximo ao aluno/paciente, a fim de ajustar a intensidade das atividades, avaliar sua tolerância a dor, adequar a frequência, etc.
O sucesso nas estratégias de treinamento, passa pelas nossas mãos, profissionais de educação física, responsáveis por prescrever o treinamento e demais profissionais da saúde que orientam atividades físicas.
Por isso, mais do que apenas prescrever o exercício físico exercício, é importante que tenhamos uma abordagem empática, com comunicação assertiva e clara, capaz de mudar a vida das pessoas e colaborar para a saúde coletiva.
Se você quer ser este tipo de profissional, fale comigo! Posso te ajudar a desenvolver estratégias de treinamento eficazes para os pacientes com doenças e lesões musculoesqueléticas, melhorando também sua abordagem, comunicação e seus atendimentos.
Conte comigo e vamos juntos #DeOlhoNoMovimento.