A artrose no joelho é considerada pela Organização Mundial da Saúde a doença do século. Aqui no Brasil ela está entre as principais causas de diminuição da qualidade de vida de pessoas acima de 50 anos.
E tem mais: 75% das pessoas acima de 65 anos apresentam a doença em alguma articulação.
Por ser uma doença tão prevalente, médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física estudam há anos quais os melhores exercícios físicos para pacientes com este problema.
A seguir, explico um pouco melhor sobre esta doença e dou algumas dicas para você que deseja entender mais sobre a orientação da atividade física e prescrição do exercício físico nestes casos.
O que é a artrose no joelho?
A artrose, ou osteoartrite, é uma doença crônico degenerativa que envolve os ligamentos, os tendões, os tecidos periarticulares e os músculos, podendo afetar os três compartimentos do joelho (medial, lateral e patelofemoral). Este processo degenerativo ocorre naturalmente com o envelhecimento, mas pode ser acelerado por conta de outras doenças ou lesões traumáticas.
Os principais sintomas são:
- dor progressiva,
- incapacidade de dobrar ou esticar o joelho,
- rigidez na articulação,
- deformidades,
- inchaço (água no joelho),
- fraqueza muscular,
- dificuldades de locomoção.
É comum que a artrose aumente a dor e diminua a capacidade de locomoção, fazendo com que a pessoa se movimente menos, inibindo suas funções musculares e piorando o quadro.
Esta inatividade pode agravar outras doenças como o diabetes, doenças do coração, ansiedade, depressão, além de aumentar a incidência de cânceres.
Por isso, uma das formas de combater a artrose é a realização de atividades físicas moderadas, que podem aumentar a produção de enzimas anti-inflamatórias que protegem a articulação da progressão da degeneração da cartilagem articular.
Por que o exercício físico é importante para o tratamento da artrose no joelho?
Exercício físico é uma subcategoria da atividade física, que podemos classificar como um esforço estruturado, realizado repetidamente, com baixa ou alta demanda energética, com o objetivo de melhora da função orgânica através da evolução e manutenção de um ou mais elementos da aptidão física.
Esta aptidão pode estar relacionada à saúde (resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio) ou ao desempenho atlético (resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio, agilidade, velocidade, coordenação, potência).
Aqui, temos exercícios físicos relacionados à saúde, com o intuito de melhorar a força e a resistência muscular. Justamente por este motivo, estes exercícios são importantes para os pacientes com artrose no joelho.
O papel de médicos, fisioterapeutas, profissionais de educação física e demais profissionais da área da saúde é saber identificar e orientar o que pode ser mais benéfico para o paciente, diante de sua condição clínica.
Os exercícios físicos vão assumir papel fundamental no tratamento, possuindo um objetivo terapêutico, visando atenuar os sintomas e evitar recidivas.
Que tipos de exercícios físicos podem ser prescritos para pacientes com artrose no joelho?
Primeiramente, devemos considerar o que nos diz a ciência sobre os exercícios físicos para pacientes com artrose no joelho.
Precisamos desenvolver um raciocínio levando em conta a redução da dor, a melhora da função física, da qualidade de vida destes pacientes e a aderência ao exercício físico no longo prazo.
Nosso foco deve ser manter as pessoas em movimento pelo maior tempo possível em suas vidas. Vejo que nosso papel vai muito além de fazer fichas de treinamento com tipo de exercício, pesos, séries e repetições. Devemos promover a saúde por meio de um discurso que favoreça o comportamento ativo.
O primeiro “exercício” deve ser educar o paciente
Pensando nesse objetivo citado anteriormente e no que nos traz a literatura científica, um dos principais exercícios que devem ser praticados não é físico, mas comportamental: educar o paciente para que ele entenda a importância dos exercícios físicos e da mudança de seus hábitos.
Reeducando o paciente e o fazendo entender a importância de uma alimentação saudável, por exemplo, é possível, a cada quilo perdido na balança, reduzir até 4 quilos o peso para a articulação do joelho.
Uma simples reeducação postural, incentivando a movimentação e evitando horas na mesma posição, pode diminuir os sintomas da artrose.
Além disso, é importante que o paciente entenda que o exercício físico deve se tornar um hábito, colaborando para um fortalecimento dos músculos, melhorando flexibilidade, auxiliando em toda a sua recuperação e aumento da qualidade de vida.
Exercícios para o quadríceps podem auxiliar pacientes com artrose no joelho
É interessante notar que diversos estudos evidenciam que aumentar a força do quadríceps ajuda no tratamento da artrose, pois a fraqueza nesses músculos está associada à má distribuição de carga na articulação do joelho, podendo contribuir para evolução da doença. Além disso, a redução de massa muscular ao longo da vida acomete mais os membros inferiores em comparação aos superiores. Esta diferença na redução de forças afeta a mobilidade, visto que a força dos membros inferiores apresenta ampla relevância funcional na realização de atividades diárias, incluindo o subir e descer uma escada, a mudança da posição sentada para posição em pé, a velocidade do caminhar e a amplitude de movimento articular.
O que não é recomendado?
Não existe contraindicação absoluta de exercícios nestes casos. O que existe são contraindicações relativas à severidade da doença. Por exemplo, não vamos submeter nosso aluno/paciente aos agachamentos completos, afundo ou práticas esportivas que venham a aumentar o impacto na articulação em um momento que ele esteja muito sintomático .
O exercício físico deve ser pensado de maneira a evitar progressão dos sinais e sintomas, evitando o aumento da dor e o agravamento de lesões.
Como fazer esta prescrição de exercícios físicos de maneira assertiva?
Para que os exercícios físicos prescritos sejam assertivos, colaborando para o controle da dor e aumento da qualidade de vida do paciente, é essencial uma avaliação bem feita.
Entendendo o perfil do paciente, fica mais fácil direcionar a frequência, a intensidade, a duração, o volume e o tipo de exercício.
No meu livro “De olho na osteoartrite do joelho. Prescrição de exercício físico.”, explico como conduzir a avaliação física nestes casos, além de apresentar (sempre com bases científicas) as melhores condutas na prescrição do exercício físico como parte do tratamento desta doença.
Quer saber mais? Fale comigo, tire todas as suas dúvidas e vamos juntos #deolhonomovimento!