Sedentarismo: Qual o papel dos profissionais de saúde e educação física

Você está visualizando atualmente Sedentarismo: Qual o papel dos profissionais de saúde e educação física

No último dia 10 de março, celebramos o dia nacional de combate ao sedentarismo e, portanto, usamos este mês para lembrar do papel dos profissionais de saúde e educação física na luta por uma sociedade mais ativa.

Hoje, mais do que em qualquer momento da história da humanidade, vemos pessoas completamente inativas, aproveitando as benesses que a tecnologia traz, mas esquecendo do princípio primordial da vida: movimento!

Impactos do sedentarismo na sociedade

Alguns dados comprovam que estamos cada vez mais sedentários:

  • O Brasil apresenta a maior prevalência de inatividade física da América latina, onde 47% da população não atingem os níveis de atividade física recomendados pela OMS.

A famosa “geração Tik Tok” está imersa em celulares, redes sociais, jogos online e passa a vida sentada, deitada, se locomovendo através de veículos e cada vez menos se movimentando.

O comportamento sedentário impacta diretamente na saúde coletiva e afeta toda a sociedade, inclusive economicamente.

Estudos epidemiológicos demonstraram que a inatividade física aumenta substancialmente a incidência relativa de doença arterial coronariana (45%), infarto agudo do miocárdio (60%), hipertensão arterial (30%), câncer de cólon (41%), câncer de mama (31%), diabetes do tipo II (50%) e osteoporose (59%).

Além disso, o sedentarismo e a inatividade física estão associados à obesidade, maior incidência de queda e debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações do humor.

Algumas estimativas apontam que, apenas nos Estados Unidos, os custos relacionados ao tratamento de doenças e condições ligadas ao sedentarismo, superam o valor de um trilhão de dólares por ano!

É importante lembrar que a maioria destas doenças e condições poderiam ser evitadas através da prática regular de atividade física.

Diferença entre sedentarismo e inatividade física

Apesar de parecer sinônimos, esses dois termos são conceitualmente diferentes.

Sedentarismo

Sedentarismo é um termo utilizado para caracterizar um conjunto de atividades, realizadas na posição de descanso, isto é, em posição sentada, que apresentam um gasto energético muito próximo do repouso/basal (1,0-1,5 MET – que é taxa média do consumo de oxigênio em repouso).

Portanto, assistir televisão, usar computador ou outro equipamento eletrônico de tela, trabalhar ou estudar em posição sentada, entre outras tarefas, são exemplos de atividades que caracterizam o comportamento sedentário.

Inatividade Física

Já, a inatividade física, é caracterizada pela prática insuficiente de atividade física.

Os níveis recomendados de prática de atividade física são de 150 a 300 minutos semanais de atividades moderadas ou 75 a 150 de atividades vigorosas.

Ou seja, aqueles que possuem comportamentos sedentários e, de quebra, não praticam a quantidade de atividades semanais sugeridas, correm sérios riscos de potencializar o aparecimento de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, desordens musculoesqueléticas e até mesmo algumas doenças crônicas como o diabetes.

pessoas fazendo atividade física

A importância dos profissionais de saúde e educação física no combate ao sedentarismo

A OMS lançou em 2018 um plano de ação global, focado no aumento da prática de atividades físicas na população em até 15%, até o ano de 2030.

No entanto, sabemos que nem sempre podemos esperar dos entes públicos as ações em grande escala, necessárias para mudar o comportamento de toda a sociedade.

Neste cenário, o profissional da saúde e o profissional de educação física, fazem papel de agentes locais da mudança, atuando de diversas formas a fim de colocar as pessoas em movimento.

Cabe a nós, portanto, ter consciência e aplicar as ações a seguir, a fim de combater o sedentarismo:

Adquirir conhecimento

Um dos principais papeis dos profissionais de saúde e profissionais de educação física é ir em busca de conhecimento, com o intuito de aprender mais sobre as evidências científicas na saúde e poder repassar estes conhecimentos a outros profissionais e à população.

É nosso papel entender melhor sobre cada condição de saúde, estar atualizado com relação a novos tratamentos, buscar informações corretas e fidedignas, com o objetivo de combater a desinformação, cada vez mais presente na internet e nas redes sociais.

Orientar e auxiliar a prática de atividades físicas

Como profissionais da saúde e profissionais de educação física, temos a importante missão de orientar e auxiliar as pessoas a realizarem atividades físicas de maneira correta, assertiva, evitando sobrecargas, lesões e aumentando seu bem-estar.

É fundamental explicitar que as condições de saúde estão associadas a uma ampla gama de fatores físicos, psicológicos e de estilo de vida, muitos dos quais podem ser melhorados por diferentes abordagens de atividades físicas e exercício físico.

Nosso papel é fazer com que as pessoas se sintam bem ao realizar exercícios físicos, por isso, é imprescindível ter uma abordagem empática e cuidadosa ao fazer a prescrição de exercícios físicos.

Aperfeiçoar nossa comunicação

Cabe a nós, profissionais de saúde e educação física, buscarmos conhecimento e também termos uma comunicação mais coesa, no que diz respeito às orientações.

Apenas falar sobre a relevância das atividades físicas na saúde não faz com que as pessoas se tornem mais ativas.

Precisamos facilitar ao máximo o entendimento e a adesão, tanto das pessoas relativamente saudáveis, quanto daquelas com alguma condição clínica.

É fundamental melhorar a comunicação entre profissional de educação física/médico e cliente/paciente. É necessário estar perto, entender a rotina da pessoa, seus desejos, seus medos, seu histórico de saúde, para que, então, seja possível orientar atividades físicas estimulantes, retirando-a do sedentarismo.

Também é importante saber se comunicar com o público, a sociedade, pessoas que não são necessariamente alunos e/ou pacientes.

É nosso papel ser multiplicador de boas informações e práticas, motivando mais pessoas a se movimentarem.

Com nossas ações individuais podemos colaborar com a redução do comportamento sedentário, com o ambiente, com o desenvolvimento econômico, com o bem-estar da comunidade e qualidade de vida, reduzindo o ônus aos sistemas de saúde.

Não se esqueça que você não está sozinho nesta jornada e, se precisar, pode contar comigo para elevar o nível de profissionalismo dos seus atendimentos e proporcionar uma melhora real de vida e saúde para as pessoas.